domingo, abril 08, 2012

AS ELEIÇÕES 2010, O POVO E EU

AS ELEIÇÕES 2010, O POVO E EU


Lí, certa vez que, “terminado o jogo, todas as peças voltam para dentro da mesma caixa.” Será?
Durante os três meses que antecederam o Dia “D” das eleições estaduais, vi e ouvi de tudo em minhas andanças por alguns de nossos municípios. Há muito que trabalho em campanhas políticas, nunca partidárias (amo falar isso) mas valorizando o candidato no qual acredito. Contudo, confesso que em nenhum outro tempo estive tão perto de tantos políticos, candidatos ou já eleitos. Estive, digamos, nos bastidores onde o Povo não tem acesso. Entre surpresas, sustos, decepções, cansaço, enjoos de estômago e dores de cabeça ao ouvir tantos planos maquiavélicos e, claro, desejo de lutar e ganhar atravessei esse período que, ideologicamente, alardeiam ser o ápice da democracia.
Penso que, por isso mesmo, por participar tão de perto e mais ativamente, posso dizer que jamais vi e ouvi tantos conchavos e conluios que, polidamente, apelidam de “alianças”, de “coligações”. A não ser em páginas econômicas ou em notícias sobre loterias nunca havia visto ou presenciado pessoas mencionarem tantos valores em dinheiro: Quanto receberiam; quanto pagariam; como seria o “esquema” de compra de votos e/ou “apoios”. Vi e soube de muita “gente boa” nesse meio . Pessoas que, noite e dia (com suas sacolas) se ocupavam em cobrar, não, perdoem-me; em pegar; não, também não; tomar, não. Santo Deus, que palavra usar aqui? Vamos lá. Podemos usar “receber contribuições” para, supostamente, garantir votos para os incautos e ingênuos (serão mesmo?) candidatos. Não seria, quem sabe, melhor se eles fizessem um bom trabalho, de verdade, bem junto ao Povo? Eh, eu sei! Agora talvez eu esteja sendo ingênua.
O fato é que em minhas observações, nenhuma vez vi ou ouvi nessas reuniões nada que beneficiasse, realmente, o Povo. Cada um tratava de garantir seu ganho próprio e, por vezes, nada modesto. E “arrotavam” poder: “Votos de cabrestos”, diziam. Tudo isso sem contar as inúmeras “traições”, “puxadas de tapetes” entre pessoas que, teoricamente, andavam juntas.
Não me sinto segura em apontar o maior responsável por essa situação. Se o Povo ou se os políticos. Dilemas à parte, posso afirmar que em todo esse processo o Povo é o menos favorecido. Não fosse verdade, as plataformas políticas, em época de eleições, seriam outras que não Educação, Habitação, Saúde e Segurança, embora tudo careça de inovações, que não é o caso. Claro, tivemos uma nova este ano: Os dependentes químicos, que nada mais são que “frutos” da inexistência e insignificância dessas quatro áreas basilares em qualquer sociedade.
Sem Educação e Saúde de verdade, de qualidade não há perspectiva de crescimento real. Muito se falou sobre o Brasil ser a 6ª economia do mundo. E daí, pergunto. Onde esse fato mudou a vida daquele que depende do Sistema Público? Manter o Povo na ignorância e dependentes de “ajudas” é extremamente mais lucrativo que educá-los e conscientizá-los. Conhecimento é poder. Todos sabemos. Deve ser por isso que em nosso País há tanto “revezamento” de políticos que se profissionalizaram na área. Mas há que se questionar a função da manutenção dessa ignorância algum dia, embora se torne em retórica, pois sabemos que tal é que mantem os políticos onde estão, ano após ano. E quanto mais ficam no poder, menos fazem.
Sem Saúde, tampouco, o Povo consegue se desenvolver. Se a maioria desses políticos que estão aí nesse revezamento, se importassem de fato, minimamente que fosse, o Povo receberia um atendimento digno. Sou a favor do movimento que determina que todos os políticos eleitos utilizem os serviços públicos, sem privilégios algum. Escolas para seus filhos; hospitais públicos, também, para sua família. Sem dúvida, os sistemas públicos seriam diferentes. E nada de altos salários. O Povo decidiria esses ganhos. Não o contrário.
Apesar de todas as coisas ruins que mencionei aqui, houve um fato que muito me alegrou. Como resposta ao trabalho desenvolvido nos deparamos com jovens que nunca havia exercido, de fato, seu direito de voto, haja vista que nas eleições passadas anulavam esses votos, decidirem por votar, sobretudo em candidatos que apareceram nesse cenário pela primeira vez. Isso para mim foi a maior vitória.
Necessário se faz, hoje, oferecer às nossas crianças, adolescentes e jovens uma Educação que os politizem. Não partidariamente, óbvio. Para que compreendam que suas vidas dependem, diretamente, da Política; que tudo é Política. E que anular ou vender seu voto, ou ainda, bater no peito se dizendo apolítico não resolve os problemas nem os faz menos responsáveis pelas corrupções e outras mazelas de nosso País. É isso!

Adrienne Machado Costa
Pedagoga/Func. Pública Municipal

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